1. |
Solidão
07:42
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Dissipam-se as brumas ao fim da noite
Negra e vasta imensidão desolada
Assim em infinita brevidade
A solidão é boa quando voluntária
Temes a ti mesmo
Mais que a própria morte
Pérfida batalha
Travas contra a sorte
Quero subir o morro mais alto
(O homem inveja o voo do pássaro)
Quero livre andar por verdes campos
(O som da água alcançando as pedras)
Quero respirar vapores clarificantes
(Já elevastes teu espírito hoje?)
Quero acender minha última vela
(A solidão é boa quando voluntária)
Do alto da minha solidão contemplo o mundo
Derradeiro afastamento que da vida me aparta
Férrea decisão de desdém à humanidade
E enquanto os mortos riem da dor dos que estão vivos
Eu humildemente choro
Choro por alguns mas não por todos
Choro por aqueles que aceitaram a árdua condição
De redentores de si mesmos
E ainda assim caem na ilusão
Florescem as ruínas minadas de dor
Na ignorância eminente de tua penúria
Unificado o ciclo, propagam-se nos horizontes
Melodias que de meu semblante emanam
Foges de teu medo
Oculta-o de ti mesmo
Mas diante do espelho
Desvelam-se os segredos
Quero perplexo blindar a morte
(Assim em absoluta relatividade)
Quero entender metade do que se passa
(Negra e vasta imensidão desolada)
Quero passar como passam os pássaros
(Visão romantizada do passado)
Quero ficar como ficam as pedras
(Em um dia nublado de folhas verdes)
O amargo fel que em teus lábios bebi
Oceano sem luz, escuridão
Nas tuas negras vagas o pavor senti
E mergulhei em teus braços, ó fria ilusão
Ó loucura que adentra meu ser
Quebra estes grilhões
Liberta-me!
Sinto a dor, a angústia e o medo
Que me corrói
E o chão sob meus pés se esvai
A maldição
Que agrilhoa com vis correntes de ilusão
Saibam seu nome
Solidão
Imo sens
A insanidade que adentra teu ser
Abrasa sua amargura
Toda a quietude da alma dilacerada
Num único instante aniquilada
Temes a ti mesmo
Mais que própria sorte
Pérfida batalha
Travas contra a morte
Quero saber o que sabem os velhos
Dissipam-se as brumas ao fim da noite
Quero sentir o que sentem os jovens
As flores cobertas de orvalho ao amanhecer
Quero pensar que tudo é sublime
Imaginação criando música e poesia
Quero assim chegar ao fim desta invernada
Plenamente satisfeito em ver nada!
Em meio ao silêncio e a escuridão
Contemplo ante luzidio espelho
Toda a ilusão que criei
Cuspindo farpas e espinhos de um ódio
Que insiste em meu peito queimar
Ante o malogro desta existência
Que a cada dia um tanto se esvai
E nesta sina de angústia e autodestruição
Caminho só, a trêmulos passos
Até que retorne
A noite do ser...
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2. |
Lágrimas de Desidéria
06:33
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Ventos frios que varrem a alma
Como lúgubres melodias
Manifestam-se nesta esfera
Em um canto de angústia e dor
Todo o tormento potencial do existir
Dissipa-se nas negras brumas do caos
Nem o amor, nem o ódio, enfim
Quebra-se assim a maldição
Nada crer, nada ter, nada ser
Eis o fim da ilusão
Mas não sei quem tu és
Ó, alma bela
Nem porque por degraus
Tens esta esfera
Que aos mortais nos clarões
De outra se vela
Mor omnia solvit ab imo pectore
A dor de não mais amar
Intensa, profunda tortura
Debela meu ser
E o ódio que em meu peito jaz
Pungente, fugaz
Não deixa esquecer
A solidão que atormenta minh'alma
Trazendo loucura para dentro do meu coração
Nada crer, nada ter, nada ser
Eis o fim da ilusão
Sigo teus passos
Meu anjo infernal
Quero tua luz
Busco teus olhos
Mas a escuridão abraça-me
E meu corpo entrega-se
No último suspiro de dor
Envolta na fúnebre névoa prossigo inerte
Apenas minha paixão orienta-me
Sempre a tua procura
Meu coração fenece
E tua face minha mente inebria
Mas não sei quem tu és
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3. |
Misantropia
06:43
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Suspira a alma cansada, derradeira
Que clama por trégua e sofre em vão
Ouça o caos rastejante
Que clama além das estrelas
Sob o manto da noite
Além das esferas do tempo
Por entre as brumas da noite
Ele ascenderá renascendo
Em toda sua força imutável
Irrompendo do caos adormecido
Trazendo à tona a fraqueza
Revelando este estreito caminho
Por onde todas as sombras esgueiram-se
Murmurando seus mórbidos cânticos
Cheios de angústia e dor e lamentos vis
Tens nas agruras da vida infindo tormento
Pois nas areias do tempo erigiste teu ser
Temes da afiada ceifa o gume sangrento
E traz estampadas na face tristeza e dor
E quando no outono frio sopram os ventos
Atrozes lamentos ecoam fugazes ante teu fim
Ante teu fim
O cálido e doce beijo mortal sufoca a consciência
Acordava o fraco e fútil ser a continuar
Escondendo-se na escuridão
Na ignorância, incapaz de mudar a própria sorte
Entrega-se a esta misantropia
Eis que se ouve então o último suspiro
Que revela o cansaço desta alma tão sofrida
Foram tantas ilusões, pecados e mentiras
Tantas vezes percebia o que por certo lhe aguardava
Então frente a frente com sua verdadeira sina, entrega-se
Sem mais lutar
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4. |
Entre as Ruínas do Caos
08:40
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Dor
Sofrimento
Lágrimas
Loucura
Relâmpagos rasgam o manto negro que não brilha mais
A chuva fina que cai sobre teu rosto traz a lembrança de alguém
Os caminhos levam a você, os trovões anunciam seu fim
Lânguida dança de sangue
A dor da batalha perdida
Lambe da lança este sangue
Pois ele é a fonte da vida
A lua cheia, o medo crescente
Vida minguante, uma nova batalha
Tinge de vermelho sangue os verdes campos
A ponta da lança, o fio da navalha
Dor
Sofrimento
Lágrimas e a loucura
Entre as ruínas do caos
Medo no teu olhar
Palavras lançadas ao ar
Frases ditas por quem?
Entre as nuvens, o sol
Entre as ruínas do caos
Medo no teu olhar
Tem esta lança banhada em sangue
Sangue daqueles que querem viver
E lutar em nome do meu senhor
Em meio à tempestade você verá seus sonhos
Se transformarem em pesadelos horríveis
E quando ela passar
Você sentirá que isso foi terrivelmente real
E sentirá prazer ao ser possuído por um ódio incomensurável
Você sentirá sua vida se esvair por entre seus dedos frágeis
E, mesmo assim, irá dementemente sorrir
E cairão gotas de seu sangue puro sobre esse solo fétido onde andas
E você verá que não mais existem as flores que plantastes no jardim
E o céu, uma vez mais, se tinge de vermelho e negro
E as nuvens gotejam suas lágrimas, uma vez mais, sobre teus sonhos
E em meio à tempestade sua alma clama e em quimera queima
Em um lago sombrio e profundo
Como sua alma está, irá refletir sua face disforme
E as lembranças, uma vez mais, se perderão
No escuro de sua mente
Como as folhas secas
Relâmpagos rasgam o manto negro que não brilha mais
A chuva fina que cai sobre teu rosto traz a lembrança de alguém
Os caminhos levam a você, os trovões anunciam seu fim
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5. |
Choro em Silêncio
07:07
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Impetuoso guerreiro
Tua chama esmorece de angústia
Bradam impotentes fracas vozes
E toda fama que um dia bradaste
Decai sobre a ira e a dor
Clamam ante ímpios poderosos
Decai sobre a ira e a dor
Choro em silêncio por todos os filhos da terra
Que semearam em seus solos sementes de guerra
Regam com o sangue de seus próprios filhos tão odiosa era
Que dissemina a discórdia por sobre esta esfera
(Enfeitiçado por esta ilusão
Partistes em busca de guerras
Mas a morte em sua ousadia
Te lança de volta a teu pesadelo)
E o manto que se esvai
Sobre minh'alma transforma minha face
Meu ser se banha com o teu calor
Inebriado pelo teu olhar
E a vida se esvai em dor
E os sonhos deixam de ser
Só resta a ilusão
De um novo amanhecer
E toda esta sina de guerra e poder
Recai sobre os teus descendentes
Dilacerando sua carne e bebendo seu sangue
Em nome da grande mentira
Ouço teu grito clamando piedade
Tua alma perdida que vaga na imensidão
Mas as trevas sem sua intensidade
Lúgubre luar
Conduzem-me ao céu embestiado
Meu ser se banha com o teu calor
Inebriado pelo teu olhar
Tua sede de sangue se perde nos traços da história
Ó humana semente, teu orgulho não tem memória
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6. |
Triste Lamento d'Alma
07:37
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Rasga-se enfim o último véu
Doce verdade sussurada por bocas sem lábios
Ardiloso punhal que rasga o peito
Deixando-me ver as trevas do fim
Delirante e doente
Adormeci em teus braços
Ó alma imortal
Suavemente conduziste-me em teus sonhos
Mais belos e tristes também
E neles pude sentir
Tua dor mais profunda
Sangras como eu
E dementemente sorri
De toda essa angústia
Tua dor que esmaga o peito
Leito onde vejo-me morrer
Minha alma imortal
Repleta de pureza e melancolia
Alma imortal
A solidão em mim faz morada
Em teus olhos vejo agonia
Tormento de alma culpada
A face repleta de encantos
Luz, tênue luz que se esvai
E aos quatro ventos tem fim
Trazes para a vida a dor
E toda angústia do ser
Dilacerando o peito em pranto
Lágrima imortal imaculada
Que tinge os pálidos campos
Leito febril aos corpos santos
Corpos caídos, vencidos
Corpos já mortos, desfalecidos
Alma imortal
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7. |
Véu de Ilusão
10:46
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Passo a passo
Cruzo a cidade cinza
Em meio à neblina
Que desce densa e fria
Rostos disformes
Sob pés incertos
Cambaleantes
Nem mesmo podem ou querem ver
"Quisera não mais sentir
Quisera não mais chorar
Mas o vazio em meu peito
Sufoca com angústia
Sórdidas correntes da ilusão
Ondas de um mar sem fim
Medonho pesadelo de marés
Que inundam a alma
De escuridão"
Enquanto o mundo sangra
Você esconde suas feridas
Sob um véu de ilusão sem fim
Ilusão
Vozes de outrora em ecos de glória
Jazigos de um tempo que já se foi
Conservam as marcas de carne e sangue
Daqueles que deram sua alma em vão
Tento entender
Mas não consigo
Tanta ignorância
Tanto rancor
Fecho os meus olhos
E sem pensamentos
Adentro o vazio
Em solidão
Carne sob o sol
Sob o céu
Sob o sal
O mundo é um vazio, vazio
Onde sombras rastejantes
Vagam no abismo profundo
Cegos em busca de luz
Epifanias na escuridão
Tento esquecer a angústia
Mas a vil realidade
Arde em meus olhos
Fazendo-me chorar
Tento esquecer a angústia
Mas a vil realidade
Arde em meus olhos
Fazendo-me chorar
Tanta dor e sofrimento
Perda, desilusão
Faz-me chorar
"Quisera não mais sofrer
Quisera não mais sorrir
Mas o abismo na alma
Assola com dor
Gélido sopro de um vento atroz
Horrendo devaneio
Sombrio desalento que afoga a alma
Na desilusão"
Enquanto o mundo sangra
Você esconde suas feridas
Sob um véu de ilusão sem fim
Ilusão
Enquanto o mundo sangra
Você esconde suas feridas
Sob um véu de ilusão sem fim
Ilusão
Esconde-se sob o devaneio atroz
Que cala e consola
A quem ignora o caos
Alegra-se na ilusão
Que a dor cessará, enfim
Quisera não mais
Sentir e sofrer
Fenecer
Quisera não mais
Sorrir e chorar
Abismo e vazio, enfim
Quisera não mais
Sentir e sofrer
Fenecer
Quisera não mais
Sorrir e chorar
Abismo e vazio, enfim
Quisera não mais
Sentir e sofrer
Fenecer
Quisera não mais
Sorrir e chorar
Abismo e vazio, enfim
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